É possível saber se o seu celular está sendo espionado?
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Proteções beneficiam quem se previne, mas espionagem não costuma deixar rastros.
Celulares armazenam praticamente toda a nossa vida digital, das mensagens às fotos, da navegação on-line aos pedidos de delivery. Não é incomum — a julgar pelas dúvidas recebidas pelo blog — suspeitar que alguém, seja uma pessoa próxima ou hacker, esteja espionando o celular para bisbilhotar nossa vida.
Infelizmente, é muito difícil de saber se nossa privacidade está sendo realmente invadida.
Periciar ou analisar celulares para encontrar evidências de espionagem não é nada simples e faltam ferramentas adequadas e profissionais qualificados.
No iPhone, o funcionamento do sistema iOS é tão rígido que não existem antivírus – e, na maioria dos casos, eles não são mesmo necessários.
A evolução a passos largos dos sistemas de celular colabora com essa situação. Compare: desde o lançamento do Windows 10, em 2015, o Android passou da versão 6 para a versão 10, e o iOS saiu da versão 9 para a 13 – ambos com modificações consideráveis nesse intervalo, como o modo de emergência e o FaceID do iPhone, ou o Play Protect (o “antivírus”) do Android, criado em 2017.
Por essa razão, os criadores de programas espiões não podem se acomodar e estão se adaptando constantemente, sem deixar qualquer sinal claro ou rastro de espionagem.
Mas isso – é bom entender – é um efeito do aprimoramento dos sistemas, inclusive na questão de segurança.
Em outras palavras, embora o remediar seja complicado por conta das evoluções nas ferramentas de espionagem que acompanham as melhoras em segurança nos aparelhos, os sistemas apostam na prevenção e na recuperação.
Confira baixo o que verificar e como diminuir as chances de ser espionado.
O que você deve verificar
WhatsApp Web. A conexão web do WhatsApp é a maneira mais simples de espionar o aplicativo porque leva apenas alguns segundos para configurar uma sessão.
Para ver se houve uso indevido, abra o WhatsApp e depois selecione “WhatsApp Web” no menu para conferir as sessões abertas. Na dúvida, encerre todas – basta autorizar uma sessão de novo, se precisar. E lembre-se de sair dele, sempre que você mesmo abrir o app no computador.
Histórico de acesso: Você pode conferir o histórico de acesso às contas dos seus serviços, como Facebook, Instagram, Twitter ou Gmail nas opções da sua conta em cada um deles. Um acesso inesperado pode indicar que alguém teve acesso às suas contas. Atualmente, a Apple e o WhatsApp não oferecem essa informação.
Verifique root ou jailbreak. O “root” é o acesso máximo especial dos dispositivos Android. Ele ajuda a instalar programas de espionagem com eficácia total. Você pode instalar um programa de verificação de root para ver se o root foi configurado em seu aparelho. Um smartphone só terá segurança plena se não tiver root habilitado.
No iPhone, o equivalente ao root é jailbreak. Um sinal comum de jailbreak é a presença de um aplicativo chamado “Cydia”.
Lista de permissões especiais. No Android, abra as Configurações, vá em “Apps e notificações”, role até o final e toque em “Avançado” e depois em “Permissões especiais” ou “Acesso especial”. Confira se você conhece os aplicativos autorizados a usar essas permissões, principalmente “Administrador do dispositivo”, “Sobrepor a apps”, “Acesso a notificações” e “Instalar apps desconhecidos”.
Teclado. No Android, você pode conferir o teclado que está em uso no telefone. Nas configurações, procure por “Idioma e entrada” (pode estar em “Sistema”). Verifique se o teclado é conhecido (como o Gboard do Google ou o SwiftKey).
Antivírus. Essa opção também só é válida para Android. Experimente um antivírus de alguma marca conhecida e faça um exame no seu celular. Não aceite programas que exigem pagamento para a primeira limpeza ou que prometem “otimizar” seu telefone – muitos antivírus não protegem o celular.
Ameaças e golpes. Existem golpes na internet que tentam convencer você de que alguma conta sua foi invadida ou que até seu celular foi contaminado por um vírus ou por um programa espião. Pessoas conhecidas ou desconhecidas também podem realizar ameaças, dizendo que “sabem seu IP” ou estão observando suas ações. Na maioria dos casos, essas ameaças são vazias. Os sintomas de programas de espionagem são poucos e costumam ser específicos: janelas sumindo e sendo substituídas por outras, uso excessivo de dados, e assim por diante.
Configurações de fábrica. Se você tem uma forte suspeita de que o seu telefone está sendo espionado, o caminho mais rápido é restaurar as configurações de fábrica. Faça uma cópia dos seus arquivos pessoais (como fotos, vídeos e documentos que não estiverem armazenados em um serviço em nuvem) e restaure o telefone. Isso elimina a maior parte dos programas espiões.
Em último caso, procure assistência técnica. Uma assistência técnica autorizada pode reinstalar o sistema original (firmware) do fabricante, que remove qualquer alteração indevida realizada no sistema.
O que não vale a pena verificar
Você até pode tentar analisar manualmente a lista de aplicativos instalados e comparar o uso de processamento, bateria ou conexão de rede para identificar programas suspeitos no celular. Na prática, leva tempo demais e não vale a pena.
A principal razão é que, por mais cuidado que você tenha ao fazer esse tipo de checagem, algo pode passar despercebido — e a única solução é repetir a checagem várias vezes, o que só vai tomar cada vez mais tempo.
Se a sua suspeita é tão grande que você chegou a considerar esse tipo de atitude, restaure seu celular para as definições de fábrica e redefina suas senhas principais. É mais rápido.
Qualquer outra análise mais aprofundada — para descobrir quem, possivelmente, estaria espionando seu telefone, por exemplo — exigirá o trabalho de um profissional qualificado.
Como você deve se proteger
Como os smartphones são dispositivos novos, o modelo de segurança adotado pelos sistemas Android e iOS é mais sofisticado e rígido que o de Windows, macOS ou Linux.
Cada aplicativo tem permissões limitadas e é executado de maneira isolada, sem acesso ao armazenamento dos demais programas instalados no aparelho.
Sendo assim, você não deve perder nenhuma noite de sono se preocupando com a segurança do seu smartphone. Só não deixe de observar algumas recomendações:
Mantenha seu celular sempre com o bloqueio de tela. Use bloqueio automático e não use desbloqueio automático. No Android, não utilize reconhecimento facial;
Desligue o celular e ligue novamente antes de dormir para desativar desbloqueio biométrico. Você também pode usar o Modo de Emergência no iPhone ou o Bloqueio Total do Android, se estiver disponível no seu telefone (a função está presente nos modelos com Android 9 e superior) para desativar o desbloqueio por biometria;
Não use root ou jailbreak. Você só vai facilitar o trabalho de quem tentar te espionar;
No Android, não instale aplicativos fora da Play Store, nem mesmo se for indicação de pessoas conhecidas;
Não deixe ninguém usar seu telefone sem a sua supervisão.
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