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Carro, viagens, apps: já passam de 11 mil os estabelecimentos que incluem a criptomoeda como forma de pagamento
Carteira no bolso pode se tornar uma raridade no futuro. Usar moedas virtuais para a aquisição de produtos e serviços começa a ficar cada vez mais comum.
Não acredita? É só dar uma olhada no mapa interativo Coinmap.org, que aponta os estabelecimentos que já trabalham com meios de pagamento descentralizados e é constantemente atualizado. Até o fechamento desta matéria, eram 11.277 locais cadastrados, a maioria no leste dos Estados Unidos e no oeste da Europa.
Os produtos e serviços vendidos vão desde lanches do Subway a um carro Tesla Model S (que no Brasil é vendido a quase R$ 800 mil), passando pelo aplicativo de paquera OkCupid e pela ONG Save The Children, que desde 2014 aceita doações em criptomoedas.
Embora ainda bem incipiente, o mercado brasileiro já começa a abraçar a ideia. Pelo Coinmap.org, a região sudeste é onde está a maior concentração de estabelecimentos que aceitam a moeda virtual como forma de pagamento. São Paulo, Curitiba e Porto Alegre se destacam. No país, já são mais de 180 locais cadastrados no mapa.
O Shopping Paço Alfândega, em Recife, será o primeiro do Brasil a aceitar bitcoins como pagamento em todas as suas lojas, estratégia que entra em ação em janeiro de 2018.
Segundo o economista e especialista em bitcoin Adilson Silva, do grupo global de consultoria e contabilidade Mazars Cabrera, embora a moeda ainda não seja regulamentada pelo Banco Central, os comerciantes podem se beneficiar ao aceitar a moeda virtual. “Eles ganham duas vezes: vendem o produto sem o desconto de taxas do banco e também se beneficiam da variação positiva da moeda”, afirma. “É um caminho sem volta, assim como o cartão de crédito foi em sua época”.
Alguns poréns
Paradoxalmente, são justamente as vantagens do bitcoin que também criam empecilhos para a popularização da criptomoeda por aqui. O consultor da Mazars Cabrera observa que se a falta de regularização é boa por um lado, por outro há o risco de o governo cobrar taxas desvantajosas quando começar a olhar para isso. “E o comerciante também precisa lembrar que quando ele transformar esse valor em dinheiro, a Receita Federal cobrará imposto sobre a variação do valor de venda do produto e do dinheiro que ele retira depois”, diz. Em outras palavras, quando ele recebe em bitcoin, o ganho real é menor do que o aparente.
A empresária Talita Noguchi, dona do bar, bicicletaria e oficina Las Magrelas, de São Paulo, decidiu aceitar pagamento em bitcoin, mas logo abandonou a ideia. “As pessoas me contatavam muito para entender por que a gente estava fazendo isso e como funcionava, mas ninguém queria pagar em bitcoin. Ainda mais agora com as notícias de valorização, todo mundo só quer guardar para investimento, ninguém quer gastar”, afirma. Ela conta que resolveu aceitar a forma de pagamento porque a tecnologia atravessava a lógica de circulação tradicional do dinheiro. “Já ganhei bastante dinheiro com bitcoin, mas hoje não vale mais a pena para mim”.
Já Max Alves, dono da franquia da agência de viagens Clube Turismo, de Porto Alegre, passou a aceitar o pagamento com a criptomoeda há um ano para todos os serviços, pensando em minimizar as taxas cobradas, principalmente sobre a contratação de pacotes por estrangeiros. Mas ainda se diz cauteloso. “A oscilação do mercado está muito grande, por isso decidimos parar de fazer a divulgação disso”, diz. A ideia é que em vez de curiosos que não entendem a lógica do bitcoin, a agência atraia quem já está habituado com a criptomoeda.
Que tal abrir a carteira virtual?
Com base nas informações do Coinmap.org, selecionamos uma lista de serviços e produtos que já podem ser adquiridos com bitcoin. Confira:
Alimentos
Os americanos já conseguem pagar seus lanches do Subway com a criptomoeda em algumas franquias da rede espalhadas pelo país. Em junho, uma loja do Burger King de Moscou, na Rússia, anunciou ser a primeira do mundo a aceitar bitcoins, e que em breve outras lojas do país fariam o mesmo. No Brasil, há várias opções, como uma unidade da doceria The Brownie Shop e a Tartuferia San Paolo, em São Paulo; o Bar do Beto, no Rio de Janeiro; e a Trapista Hamburgueria e Cervejaria, de Curitiba.
Transporte
Obviamente o empresário Elon Musk não perderia a chance de ser um dos pioneiros também nesse quesito. A Tesla já anunciou que comercializou um Tesla Model S com transações de bitcoin. Em São Paulo, a transportadora Rampoldi & Marques aceita a moeda virtual para o pagamento de suas entregas. Vai à Argentina e precisa de translado? Abra a carteira de bitcoins para comprar com a empresa Global Vip.
Viagem
Desde 2014, a Expedia, um dos maiores sites de viagem do mundo, aceita reservas para hotéis e pacotes usando a moeda virtual. Não é difícil achar agências pelo mundo que seguiram o mesmo exemplo. Existe inclusive a BtcTrip, que trabalha exclusivamente com bitcoins.
No Brasil, a sede de Porto Alegre da Clube Turismo começou a trabalhar com bitcoin em 2016. Se você está procurando um lugar para dormir, diversas hospedagens do Brasil já aceitam pagamento na moeda virtual, como a Kyrios, em Maresias (RJ), o Residencial Castor, em Natal (RN) e o Giramondo Hostel, de São Paulo (SP).
Doações
A ONG global Save the Children, que trabalha pelos direitos das crianças, aceita doações em bitcoins desde 2014. Na mesma época, a Wikimedia, fundação responsável pela Wikipedia, também resolveu seguir o mesmo caminho.
Outros
A lista de serviços que podem ser pagos em criptomoedas só aumenta. A Microsoft, por exemplo, vende em bitcoins apps, músicas e jogos de Xbox na sua loja virtual. A Bloomberg.com aceita bitcoin de seus assinantes e o aplicativo de relacionamento OkCupid libera uma lista de recursos premium em troca das moedas virtuais.
As universidades de Lucerne, na Suíça, e Draper, na Califórnia, aceitam bitcoins no pagamento de suas mensalidades e devem ser seguidas por outras faculdades ao redor do mundo.
No Brasil, é possível encontrar estúdios de fotografia, serviços de informática, clínicas de estética e outros estabelecimentos que já trocam serviços por moedas virtuais, como a Agência Carti, especializada em marketing digital e localizada na Vila Mariana, em São Paulo.
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